Postado em: 20/01/2022

É importante combater o preconceito contra as pessoas com vitiligo, ressalta Sociedade Brasileira de Dermatologia

Pessoas que apresentam vitiligo não possuem limitações físicas ou cognitivas, não transmitem sua condição pelo contato social e estão aptas ao trabalho e ao desenvolvimento de relação afetivas e humanas em qualquer contexto. Essa é a avaliação de médicos que integram a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Por meio deles, a entidade reitera essa percepção no momento em que uma das participantes do Big Brother Brasil (BBB) tem essa condição exposta em nível nacional.

“A forma como a candidata Natália Deodato se relaciona com o vitiligo é um exemplo de como pessoas com esta condição devem preservar sua autoestima em alta e buscarem ocupar espaços no convívio social. Um portador de vitiligo não deve ser excluído ou alvo de estigmas. Ele merece respeito, como qualquer outro individuo, e estímulos para desenvolver seu potencial”, ressalta o presidente da SBD, Mauro Enokihara.

O vitiligo tem como principal característica manchas que se espalham pela pele em decorrência de despigmentação provocada pela falta ou diminuição da melanina. No entanto, as marcas da doença não se limitam ao corpo. O estigma e o preconceito têm feito com que pessoas nessa condição fiquem vulneráveis ao desenvolvimento de transtornos psicológicos e busquem o isolamento.

Apesar de alterações na aparência, geralmente, o vitiligo não traz comprometimentos graves à saúde de quem o desenvolve. Por isso, falar dessa condição requer um empenho especialmente dedicado ao combate do preconceito e à discriminação contra essas pessoas. “Estamos diante de uma oportunidade. Nos últimos dias, a busca pelo termo ‘vitiligo’ na internet foi impulsionada em decorrência da confirmação de uma das candidatas ao prêmio do BBB com essa característica. É um espaço privilegiado para reforçar a luta em defesa de pessoas que, como ela, devem ser respeitadas em sua diversidade”, afirma Beni Grinblat, 2º secretário da SBD.

Manchas – O vitiligo é uma manifestação não contagiosa, autoimune e multifatorial. Seu surgimento pode estar relacionado à predisposição genética. Fatores externos podem contribuir para o aparecimento ou agravamento das manchas que decorrem da perda gradativa da pigmentação devido à formação de linfócitos T que destroem os melanócitos, responsáveis pela produção de melanina.

Existem cinco formas de manifestação do vitiligo: focal (manchas pequenas em uma área específica do corpo); mucosal (manchas somente nas mucosas, como lábios e região genital); segmentar (manchas distribuídas unilateralmente, apenas em uma parte do corpo); acrofacial (manchas nos dedos e em volta da boca, dos olhos, do ânus e genitais); comum (manchas no tórax, abdome, pernas, nádegas, braços, pescoço, axilas e demais áreas acrofaciais); e universal (manchas espalhadas por quase todas as regiões do corpo).

Para esclarecer dúvidas sobre o assunto e ajudar no combate ao preconceito causado pela desinformação, Caio Castro, dermatologista especialista da SBD, apresenta, a seguir, respostas a dúvidas relacionadas a essa condição. Confira e compartilhe.

O que causa o vitiligo?

Vitiligo é uma doença autoimune de origem genética em que os melanócitos são alvos dos linfócitos T que estão em situação desregulada. Eles acham que os melanócitos são substâncias estranhas e os atacam. Provavelmente, esses melanócitos apresentam alguma substância que o linfócito T reconhece como corpo estranho, destruindo a fonte de produção da melanina, que é o que dá cor à pele.

Quais as limitações de alguém que vive nessa condição?

Não limitações que os impeçam de trabalhar, casar, ter amigos e conviver em grupos sociais. No entanto, alguns cuidados físicos devem ser tomados, sobretudo com a exposição solar.

É um problema contagioso?

Por ser autoimune, não há nenhum risco de transmissão ou contágio por vitiligo. Contudo, o principal problema para as pessoas que vivem com vitiligo é o impacto causado na aparência, que por fugir aos padrões pré-estabelecidos, leva à baixa na autoestima. Isso resulta em isolamento e traumas emocionais.

A doença pode acometer outros órgãos do corpo?

Aproximadamente 15% dos pacientes com vitiligo têm alguma doença relacionada à tireoide. Porém, esses problemas são causados pelos mesmos fatores que provocaram o vitiligo. Não há uma relação de dependência entre as duas condições autoimunes. Por ser uma doença sistêmica, os pacientes com vitiligo podem desenvolver uveíte (inflamação nos olhos) e aproximadamente 10% dos afetados desenvolvem déficit auditivo.

Existe algum grupo (raça, sexo, idade) mais propenso ao desenvolvimento do vitiligo?

O vitiligo afeta ambos os sexos e pessoas de qualquer etnia. Os sinais costumam aparecer, em média, aos 24 anos. Contudo, existem alguns dados de prevalência diferentes. Por exemplo, nos países anglo-saxões, em média, 1% desenvolve a doença; no Brasil, 0,5% da população manifesta essa condição; na China esse percentual chega a 0,1% e na Índia a 5%.

O vitiligo é hereditário? 

Como se trata de uma condição com origem genética, as chances de aparecer em pessoas da mesma família são muito grandes, sobretudo quando se tem mãe ou irmãos com essa condição.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico clínico é feito, a princípio, a olho nu, apenas com o auxílio de uma lâmpada especial. Quando há dúvidas é realizada biópsia das lesões, já que as manchas do vitiligo podem se confundir com as de outras doenças de pele, como a micose fungoide hipocromiante ou lúpus discoide.

O vitiligo tem cura?

O vitiligo ainda não tem cura, mas tem controle. Com a ajuda médica, fazendo uso de medicamento e terapias reconhecidos cientificamente, alguns pacientes podem repigmentar a áreas afetadas ou mesmo despigmentar o corpo por inteiro.

As primeiras manchas surgem em alguma área específica do corpo?

Cada indivíduo pode apresentar os sinais do vitiligo de forma diferente. Porém, geralmente, as primeiras manchas aparecem no rosto, mãos e região genital.

As pessoas com vitiligo estão vulneráveis ao desenvolvimento de outros problemas na pele?

Os pacientes dessa condição têm uma maior tendência de envelhecimento na pele, em especial nas áreas despigmentadas; além de maior propensão a sentir os efeitos de “queimaduras” no local por conta de exposição excessiva ao sol.

Fonte: Sociedade Brasileira de Dermatologia. Acesso em: 20/01/2021.

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