Carcinogênese e história natural do câncer de mama
Introdução
A história natural de um tumor é o seu curso espontâneo, isso quer dizer que, reflete das consequências do desequilíbrio entre os mecanismos de agressão da doença e os de defesa orgânica. Conhecer a história natural do câncer de mama (CM) é essencial para o planejamento das atividades de prevenção primária, rastreamento e tratamento.
Origem da Neoplasia
O CM inicia-se em uma célula-tronco somática mamária. Enquanto as células diferenciadas teciduais possuem uma vida curta, as células-tronco sobrevivem mais e não perdem a capacidade de se reproduzir, mesmo após longa latência e depois de multiplicarem-se podem gerar células-filha comuns tecidos-específicas, ou então, células progenitoras, como elas próprias, com suas características pluripotentes. Portanto, a longevidade das células-tronco torna-as mais sensíveis a efeitos mutagênicos do que células maduras.
Já as células luminais e mioepiteliais parecem originar-se de uma única célula comum e depois diferenciam-se das células luminais que expressam CK8/18 e as mioepiteliais (basais) que expressam actina de músculo liso e calponina.
Os primeiros a demostrarem a existência de células-tronco no Câncer de Mama realizaram modelo experimental animal, com xenotransplante de células carcinomatosas separadas por citometria de fluxo. Uma célula-tronco mutada transfere os danos genéticos às suas células-filha, criando base para o desenvolvimento maligno. Em teoria, sick lobe, diz se que existem em determinados lobos mamários, desde a vida embrionária, a presença de grande número de células-tronco potencialmente passíveis de mutação por estímulos genotóxicos endógenos ou exógenos, ao contrário de outros lados da mesma mama, onde, podem existir em muito menor número essas células.
Russo e Russo estabeleceram que os lóbulos mamários podem ser classificados em três subtipos. TIPO 1- Indiferenciado – próprio das adolescentes nulíparas, com ducto terminal e alguns dúctulos com intensa celularidade. TIPO 2- Com aumento volumétrico, mais de 40 dúctulos por lóbulo e menor celularidade microscópica e por fim TIPO 3- Bem diferenciado, após múltiplas gestações de termo, com mais de 80 dúctulos por lóbulo.
Nos animais de laboratório, quanto maior a quantidade de lóbulos tipo 3, mais difícil a indução de CM por agentes químicos, que, por outro lado, é favorecida no período logo depois da adolescência com lóbulos indiferenciados e muita celularidade. Uma assinatura genética decorrente de uma ação de algum hormônio gonadotrofina coriônica produzido na placenta seja a explicação biomolecular para a interação com a célula-tronco iniciadora do câncer por meio da hiperexpressão dos genes e metilação da histona.