Postado em: 02/12/2021

O câncer de mama no homem é uma doença rara e talvez por isso pouco divulgada. Mesmo com pequena incidência de casos, pode vir a acometer a população masculina da mesma forma como afeta as mulheres, embora o percentual de casos diagnosticados em homens seja de apenas 1%.

Enquanto isso, 99% do total incidem entre as mulheres no mundo inteiro, inclusive no Brasil, além de ser o tipo que causa mais mortes entre o público feminino, segundo a médica mastologista do Hospital de Amor da Amazônia (HAA), Betânia Rocha.

Em 2021, foram atendidos na unidade hospitalar somente três homens com câncer de mama. O Governo de Rondônia participa dessa parceria com o  HAA, por meio da assinatura de um convênio com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) para o repasse de cerca de R$ 4 milhões, contribuindo assim para às ações de prevenção e tratamento de câncer em homens e mulheres.

A unidade de Barretos de Porto Velho atende ainda a demanda de pacientes vindos do Sul do Amazonas, Roraima, Acre, bolivianos, peruanos e indígenas.

Por causa da visão preconceituosa, a população masculina não comparece às unidades de saúde em busca de cuidados preventivos e, quando o faz, a doença já se agravou. “O maior desafio do homem é vencer esse preconceito. A maioria não costuma procurar assistência à saúde para exames preventivos, muito menos para verificar a saúde das mamas. Quando procuram essa avaliação é porque na maioria das vezes já tem essa alteração”, comenta a mastologista.

O principal sintoma no homem é o nódulo, o caroço na aréola do mamilo, ou na axila, e ainda uma “ferida” na região da mama, que o homem pode sentir passando a mão nessa parte do corpo durante o banho ou ao dormir. “Se constatar qualquer anormalidade é preciso procurar os cuidados médicos o mais rápido possível”, orienta.

Uma outra situação é quando ocorre uma mutação genética e a pessoa fica sujeita a contrair o câncer de mama, pois o gene é modificado. Isso pode acontecer com o homem também. Se o médico descobre um caso de câncer de mama em um homem da família é um sinal importante a ser investigado. O médico deve ficar atento e buscar junto aos parentes se houve algum tipo de mutação genética.

O cenário da doença em homens em Rondônia não é diferente do restante do país. O câncer mamário masculino se comporta como uma doença rara nos mesmos níveis de incidência de outras regiões. “Por isso, o recomendável é que o homem deve fazer também, como a mulher faz, se cuidar. Procurar inclusive, conhecer melhor seu corpo”, lembra Betânia.

VIDA SAUDÁVEL

A prática de um estilo de vida saudável também ajuda tanto no caso da mulher quanto no do homem para a prevenção da doença. A especialista diz que não se pode descuidar de atividades físicas frequentes na prevenção ao sobrepeso. Deve ser evitado ainda o consumo de bebida alcoólica em excesso. Se a pessoa conseguir mudar seus hábitos e adotar um estilo de vida saudável, estará evitando não só o câncer de mama, mas também outras doenças.

A prevenção é a grande arma contra a doença e por isso é importante que o homem, de acordo com a médica Betânia Rocha, procure regularmente um clínico geral, ou um urologista para fazer os exames preventivos de imagens e laboratoriais, o seu check up, mesmo sem estar sentindo qualquer sintoma.

IGUALDADE

O tratamento do câncer de mama é um direito do homem e da mulher e pode ser realizado da mesma forma no hospital particular, do Governo do Estado e no Hospital de Amor Amazônia. Na hipótese de se confirmar o diagnóstico de câncer de mama no homem, geralmente 99% dos caos são tratados com a realização da mastectomia, ou seja, a retirada da mama, da aréola e a pele do mamilo.

Já no caso da mulher, há uma lei que dá a ela o direito da reconstituição mamária, por meio de prótese ou rotação de retalho do abdômen ou do dorso (costas) para a mama. O homem já não tem esse desejo, mas sim, o mesmo direito de receber o tratamento, com quimioterapia e até o mesmo cirurgia.

Os procedimentos para assistência à saúde, segundo a enfermeira responsável pelo Setor de Prevenção ao Câncer do HAA, Andressa Furtado, seguem os seguintes passos: marca-se uma avaliação com a mastologista e dependendo da idade é feita a mamografia e a ultrassonografia. Antes da avaliação com o urologista, é feita uma entrevista e se ouve os mais diferentes tipos de relatos.

A enfermeira diz que uns afirmam que estavam aguardando resultado de biópsia, outros, o chamado para mamografia pela regulação do Sistema Único de Saúde (SUS) e alguns chegam a  afirmar que “eu só vim porque minha mulher mandou”.  São poucos os homens que admitem estarem ali para realizar exames de rotina. “Mas isto também acontece muito com as mulheres. A maioria nos procura, e é uma cultura aqui da região Norte, só quando sentem alguma anormalidade na mama”, diz Andressa.

Prossegue-se assim, com os exames de investigação seja biópsia, cirurgia e afins.

Boletins do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), do Ministério da Saúde, indicam que em 2017 houve no país 16.724 mortes por câncer de mama feminino e 203 mortes por câncer de mama masculino.

Em 2016, outras 16.069 mortes por câncer de mama feminino no país e 185 mortes por câncer de mama masculino e, em 2015, foram registradas 15.403 mortes por câncer de mama feminino e 187 mortes por câncer de mama masculino.

O tratamento do câncer de mama masculino é semelhante ao tratamento do câncer feminino, sendo indicada a realização de mastectomia – retirada da mama, aréola e tecido mamário; quimioterapia e hormonoterapia. Como o diagnóstico é, na maioria das vezes tardio, a taxa de cura pelo método terapêutico é baixa.

O diagnóstico do câncer de mama masculino é tardio, pois os homens não costumam ir ao médico quando os sintomas são pouco intensos. Dessa forma as células tumorais continuam a se multiplicar, sendo o diagnóstico realizado apenas no estágio mais avançado da doença.

Por isso, a doença tem pior prognóstico nos homens em comparação aos registrados em mulheres. O fato do homem também possuir glândula mamária e hormônios femininos, apesar de ser em menor quantidade do que na mulher, constitui fator de risco. No entanto, é raro e mais comum de acontecer em homens com idade entre 50 e 65 anos, principalmente quando há casos de câncer de mama ou de ovário na família.

GINECOMASTIA

A ginecomastia apontada como a doença mais comum da mama masculina não é um tumor, mas um aumento da quantidade de tecido mamário. Geralmente, os homens têm pouco tecido mamário para ser sentido ou percebido. Em alguns homens os sintomas da ginecomastia são mais aparentes, podendo a mama se parecer com seios pequenos. Embora seja mais comum que o câncer de mama em homens, pode ser percebido como um crescimento sob o mamilo, por isso é importante que qualquer protuberância seja examinada por um médico.

Aparece com maior frequência entre os adolescentes, quando o equilíbrio dos hormônios no corpo muda durante a fase de transformação para adulto. Também é comum em homens mais velhos, devido às mudanças em seu equilíbrio hormonal.

Com alguma raridade, a ginecomastia ocorre quando tumores ou doenças de determinadas glândulas endócrinas aumentam a produção de estrogêneo no corpo do homem. As glândulas masculinas normalmente produzem estrogênio, mas não o suficiente para provocar o crescimento da mama. Doenças no fígado, um órgão importante no metabolismo dos hormônios masculinos e femininos, podem alterar o equilíbrio dos hormônios masculinos e levar à ginecomastia. A obesidade é outro fator que pode aumentar os níveis do estrogênio nos homens.

Alguns medicamentos podem causar ginecomastia, como os utilizados para o tratamento de úlceras, azia, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca e problemas psiquiátricos. Os homens com ginecomastia devem pedir maiores explicações  aos médicos sobre efeitos colaterais de alguns medicamentos.

A síndrome de Klinefelter é uma enfermidade genética rara que pode levar à ginecomastia, bem como aumentar o risco de um homem desenvolver câncer de mama.

Existem muitos tipos de tumores de mama benignos, como papilomas e fibroadenomas, de acordo ainda com relatos da American Cancer Society. Tumores benignos não se disseminam além da mama e não são fatais. Tumores benignos da mama são comuns em mulheres e raros em homens.

PRINCIPAIS TIPOS

Carcinoma ductal in situ (CDIS) também denominado carcinoma intraductal, cujas as células cancerígenas se formam nos ductos da mama, mas não invadem as paredes dos ductos para o tecido adiposo da mama ou se disseminam além da mama. O CDIS representa cerca de 10% dos casos de câncer de mama em homens. É quase sempre curável com tratamento cirúrgico.

Carcinoma lobular in situ conhecido ainda como neoplasia lobular. Não é um verdadeiro câncer pré-invasivo porque não se transforma em um câncer invasivo se não for tratado, mas está relacionado a um risco aumentado de câncer invasivo em ambas as mamas. É raro em homens.

Carcinoma lobular invasivo é um tipo de câncer de mama que começa nas glândulas produtoras de leite (lobos), podendo se disseminar para outras partes da mama e do corpo. O carcinoma lobular invasivo é muito raro em homens, representando apenas 2% dos cânceres de mama masculinos. Isto ocorre porque os homens não possuem muito tecido lobular.

A doença de Paget começa nos ductos mamários e se dissemina para o mamilo ou auréola. A pele do mamilo geralmente apresenta crostas, escamas, vermelhidão, com áreas de prurido (coceira), inchaço, queimação ou sangramento. Pode estar associada ao carcinoma ductal in situ ou com o carcinoma ductal invasivo. A doença de Paget representa de 1 a 3% dos cânceres de mama feminino e um percentual um pouco maior (5%) para os cânceres de mama masculinos.

O câncer de mama inflamatório é um tipo agressivo, mas raro. Esse tipo de câncer deixa a mama inchada, vermelha e quente ao invés de formar um nódulo. Ele pode ser confundido com uma infecção mamária. É muito raro em homens.

TIPOS ESPECIAIS

Existem alguns tipos especiais de câncer de mama que são subtipos do carcinoma invasivo. Eles são menos comuns do que os cânceres de mama mencionados acima. São eles: o carcinoma adenoide cístico (ou adenocístico), carcinoma adenoescamoso de baixo grau, carcinoma medular, carcinoma mucinoso (ou coloide), carcinoma papilar, carcinoma tubular, carcinoma metaplásico, carcinoma micropapilar e o carcinoma misto (tem características de ductal invasivo e lobular).

Os outros tipos de câncer de mama em homens são: Carcinoma Ductal In Situ cujas células cancerígenas se formam nos ductos da mama, mas não os invadem ou espalham para fora da mama e é quase sempre curável com cirurgia; Carcinoma Lobular Invasivo apresenta crescimento no lóbulo da mama e corresponde ao tipo mais raro nos homens; e a Doença de Paget que começa nos ductos mamários e provoca crostas no mamilo, escamas, coceira, inchaço, vermelhidão e sangramento. Pode estar associada ao carcinoma ductal in situ ou com o carcinoma ductal invasivo.

Há ainda o câncer de mama inflamatório considerado muito raro nos homens e consiste na inflamação da mama que provoca o seu inchaço, vermelhidão e queimação, ao contrário de formar um nódulo.

Fonte: O Combatente. Acesso em: 02/12/2021.

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